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A quarentena mudou completamente os nossos hábitos… A necessidade de ficar em casa nos colocou diante do desafio de encontrar novas formas de ocupar tempo e relaxar a mente.

Neste período, eu, por exemplo, tenho me dedicado a adquirir novos conhecimentos, através de conteúdos online e lives sobre os mais diversos assuntos. Em uma delas, conheci Ju De Mari, Coach e Mentora para mulheres que escreve para a revista Simples e mantém o Instagram @prosa-coaching. O trabalho é incrível e me chamou muita a atenção. Comecei a segui-la no Instagram e ela também começou a seguir a PdD.

Quando decidimos fazer o nosso primeiro Bordando no Banquinho Virtual, exatamente para falar sobre como o bordado tem servido como ferramenta criativa e terapêutica na quarentena, Ju de Mari contou ao seu marido, o jornalista Maurício de Oliveira, do Portal 6 Minutos, que estava fazendo reportagens relacionadas à Pandemia e as mudanças de hábito no período.

Maurício adorou o tema e me propôs uma entrevista, que aceitei com muita alegria. Na reportagem, ele fala sobre a volta do bordado e como muitas pessoas estão aprendendo ou voltando a praticar atividades manuais durante a quarentena. E eu conto um pouco a história de como o bordado surgiu em minha vida e da minha relação atual com essa arte tão tradicional.

A seguir, você confere a reportagem na íntegra:

Bordado vira terapia e fonte de renda durante a quarentena e ganha adeptos

Se você acha que a covid-19 mudou a sua vida, compare com a história de Flávia Tristão Silva Guimarães, 33 anos, moradora de Belo Horizonte: ela entrou na pandemia como fisioterapeuta e vai sair como bordadeira mãe.

Flávia trabalhava numa clínica particular, atendendo pacientes com problemas neurológicos, a exemplo de crianças com paralisia cerebral e pessoas que sofreram AVC. Assim que a pandemia chegou ao Brasil, a clínica precisou ser fechada e ela perdeu a fonte de renda, pois atuava como autônoma, sem vínculo empregatício.

Diante da tensão daquelas primeiras semanas de quarentena, Flávia buscou refúgio no bordado, atividade que é uma tradição familiar e ela já cultivava como passatempo que a acalmava. Num certo período da vida, o bordado foi especialmente importante para ajudá-la a superar uma depressão.

Inspiração multiplicada

Assim que Flávia começou a postar alguns trabalhos nas redes sociais, o interesse demonstrado pelas pessoas evidenciou que havia ali uma boa oportunidade de renda. “Em pouco tempo pulei de 5 mil seguidores no Instagram para mais de 10 mil e tive até que parar de pegar encomendas por um tempo, para conseguir dar conta da demanda”, ela descreve.

Em meio a tudo isso, um fato marcante: a descoberta da primeira gravidez. Ao projetar o futuro, Flávia imagina que continuará sendo bordadeira profissional no pós-pandemia. “É uma atividade perfeita para conciliar com a maternidade.”

Além da nova fonte de renda, ela diz que um aspecto muito gratificante é perceber que seu trabalho tem inspirado outras mulheres Brasil afora a descobrirem o bordado. “Teve uma cliente que encomendou um quadrinho e gostou tanto que começou a fazer por conta própria. Agora já está ganhando dinheiro com as encomendas”, conta.

O contato com Flávia se dá por meio do perfil @nuvembordo no Instagram. Ali ela recebe os pedidos e apresenta os orçamentos. As peças são entregues em formato redondo, ainda dentro do bastidor, tradicional aro de madeira que serve como base para o pano durante o bordado e pode ser adotado como moldura definitiva. “Acho delicado e charmosinho, além de remeter às tradições”, diz Flávia.

Dependendo do diâmetro, que varia de 17 cm a 30 cm, e da complexidade da encomenda (reproduzir fotos é bem mais trabalhoso do que desenhar letras, por exemplo), o preço vai de R$ 120 a R$ 220. O próximo passo planejado por Flávia é criar um site para não apenas vender seus trabalhos, mas também ajudar as pessoas a aprender a fazer bordados.

Novos desenhos

As aulas e as tradicionais sessões de bordado compartilhado tiveram que ser reinventadas durante a pandemia. Tornaram-se mais uma entre tantas atividades que passaram a ser feitas a distância.

A empresária Patrícia Diniz de Deus, 64 anos, também moradora de Belo Horizonte – o bordado é uma tradição muito ligada às raízes mineiras –, promovia aulas de bordado em sua loja, dedicada à venda de produtos artísticos artesanais, dos quais ela faz uma cuidadosa curadoria, incluindo sempre o melhor da produção local de bordado.

Em 2012, ela criou o projeto Bordando num Banquinho, encontros mensais realizados sob a sombra da árvore frondosa que fica bem em frente à loja. Com a pandemia, o evento passou a ser realizado virtualmente, via zoom. E deu certo – cada bordadeira tratou de se atualizar em relação aos recursos tecnológicos necessários para não ficar de fora.

Com o objetivo duplo de ter sempre novidades a oferecer e estimular as pessoas a bordar em casa, Patrícia desenvolveu uma parceria com o designer Daniel Gonçalves para o lançamento frequente de novos desenhos – que, no jargão das bordadeiras, são chamados de “riscos”.

As pessoas imprimem os desenhos baixados pela internet e passam para os tecidos. “Há muitos riscos disponíveis em revistas e pesquisas na internet, mas fazer algo novo é sempre um atrativo adicional para quem realmente vive o bordado”, diz Patrícia.

Tradição preservada

O bordado faz parte da vida de Patrícia desde cedo, por influência da mãe e outras pessoas da família. Quando ela tinha oito anos, o pai, que era dentista, ganhou uma bolsa de estudos para passar dois anos nos Estados Unidos. A mãe preparou um enxoval, totalmente bordado, para ela e cada uma das suas três irmãs.

“Ela fez vestidinhos totalmente bordados, incluindo meias, faixa na cintura, faixa no cabelo. Tudo com aquele ponto bem tradicional, rococó, além de florzinhas e miçangas”, lembra Patrícia, emocionada. “Quando chegamos nos Estados Unidos, foi uma comoção entre as outras mães, das mais diversas nacionalidades.”

Uma das preocupações de Patrícia é preservar a tradição. Para isso ela ela passou a apoiar o projeto social Meninas do Cafezal, referência a uma região de baixa renda de Belo Horizonte. A ideia é fomentar a prática do bordado entre gerações, facilitando a transmissão dos conhecimentos entre avós e netas.

Fonte: 6 Minutos | Reportagem original disponível no link: https://bit.ly/3jIlJux