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A partir de sábado, dia 07 de dezembro, o nosso PdD Espaço de Arte recebe a mostra “Se essa casa fosse minha, eu mandava ela bordar – Bordando a Lagoinha”, do artista Rodrigo Mogiz!

Abaixo, você confere um relato de Rodrigo sobre a história e as inspirações do belíssimo projeto.

“A Lagoinha é uma região de Belo Horizonte que abarca alguns bairros e espaços, tendo uma papel importante na construção e na cultura da cidade de Belo Horizonte, servindo de morada para os migrantes da região central de Minas Gerais e imigrantes italianos que participaram da construção da nova capital. Um bairro operário fora do Contorno da cidade planejada, transformando o local numa região rica devido a grande mistura cultural de seus habitantes. Berço da boêmia, da religiosidade e da negritude belo-horizontina. Lá está também a favela Pedreira Prado Lopes, que no passado forneceu pedras para a construção das casas e prédios da cidade.

A partir da oficina Laboratório de criação com linhas e agulhas, levei para o Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira a proposta de um olhar sobre a Lagoinha, dentro do tradicional Mercado da Lagoinha, transformado em um equipamento de Cultura e Educação da cidade de Belo Horizonte. Como professor da Escola Livre de Artes – Arena da Cultura na área do Design Popular busco em minhas oficinas levar um olhar contemporâneo que valorize cada vez mais as tradições populares, a história e os nossos patrimônios materiais e imateriais. Dentro desse panorama está a prática do bordado.

Passando por um processo de resgate e revalorização, a região da Lagoinha sofreu muito com a modernização da cidade. Muitas ações culturais, artísticas e sociais tem acontecido nos últimos tempos a fim de se tornar um local mais agradável de se viver e visitar. O bairro agora é tombado como patrimônio municipal e muitas de suas históricas casas também passam por este processo de tombamento, sendo que algumas começam a ser restauradas.

É sobre essas casas, ruas e construções que propus às minhas alunas bordarmos este patrimônio da cidade. A casa é um símbolo de afeto e quantas histórias não foram vividas pelos moradores destas. Proponho bordar para preservar a memória e a Arte de arquitetos que desenharam lindas fachadas cheias de detalhes. Ao bordar também os nomes das ruas, descobrimos que eles vêm de cidades do interior de Minas (Diamantina, Serro, Bonfim), das influências afro brasileiras (Caxambu) e indígenas (Itapecerica, Itapetinga, Pitangui), tendo em seus significados, vários tipos de pedras. As pedras que construíram essa cidade. A Pedreira, como periferia de um lugar que nasceu periférico, também está ali bordada. Assim como outras construções icônicas: as igrejas de Nossa Senhora da Conceição, São Cristovão e o próprio Mercado da Lagoinha.

Bordamos muito e pouco ao mesmo tempo. Ainda há muitas memórias a serem contadas por meio das linhas e agulhas, pois é uma região com muitas atividades culturais a serem conhecidas. Mas cada uma dessas bordadeiras colocou sua visão particular sobre essa realidade, dando novas cores a essas casas como se fossem suas”.

Texto: Rodrigo Mogiz | Foto do Post: Alberto Escalda

O lançamento da mostra acontece a partir das 11 horas, acompanhado de um delicioso Bordando no Banquinho PdD, coordenado pelo próprio Rodrigo, com riscos inspirados na tradicional região de BH. Abaixo, você confere em imagens os lindos trabalhos que ficarão expostos por aqui.