Na última quinta-feira, dia 30/11, tivemos a oportunidade de acompanhar de um lugarzinho privilegiado – na poltrona do auditório Oscar Niemeyer, no Parque Ibirapuera, em São Paulo – a educadora mineira, Magda Soares, vencer o prêmio Jabuti como melhor livro de não ficção do ano, com a obra “Alfabetização – A questão dos Métodos”, da Editora Contexto. O livro, já havia conquistado o primeiro lugar na categoria educação e pedagogia.
Para além do reconhecimento ao seu trabalho mais recente, o prêmio vem, ainda que de forma singela, se comparado ao tamanho do legado da professora, coroar uma carreira de mais de sessenta anos lutando por uma educação melhor no Brasil.
Durante a cerimônia, seu editor, o historiador Jaime Pinsky, fez questão de ressaltar a importância de prêmios como o Jabuti, reconhecerem o histórico de alguém como Magda. “Mais que educadora, ela é militante e defensora ferrenha da educação há mais de seis décadas”. Em seu emocionado discurso, ela enfatizou que um país que não preza pela alfabetização, não forma cidadãos, muito menos leitores para os livros ali premiados.
Graduada em Letras Neolatinas e doutora em Didática pela Universidade Federal de Minas Gerais, a professora emérita da Faculdade de Educação (FAE) da UFMG e pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), viveu, durante toda a sua formação básica, a realidade de uma instituição de ensino privada. No entanto, antes mesmo de se graduar na universidade, teve o primeiro contato com escola pública, como educadora, ainda na década de 50. A distância entre as duas, causou impactos que mudaram para sempre a vida da Magda, que desde então, se dedica a batalha, tão linda quanto árdua, de melhorar a educação brasileira. Quem acompanha de perto o seu trabalho – ou tem o privilégio de conhece-la – sabe que ela fez e continua fazendo, tudo o que está ao seu alcance para que cada vez mais crianças entrem no mundo letrado.
A luta já rendeu uma série de livros, horas e mais horas de dedicação, pesquisa e diversos projetos. No alto de seus 85 anos, continua demonstrando a mesma paixão pelo ofício, e mantém uma ampla rotina de trabalho. Semanalmente, ela que é, uma das principais referências do país nas áreas de alfabetização e letramento, se dedica, como consultora, a um projeto na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental de Lagoa Santa.
Magda é daquelas pessoas encantadoras, que parecem não se abater diante de obstáculos. Olha sempre adiante, pois sabe que essa é a única forma de se resolver aquilo que precisa ser resolvido. Mulher forte, de pensamento vanguardista, parece estar anos a frente de seu tempo. Sua simplicidade e humildade, tão características, passam a impressão de que, mesmo diante de tantos anos, livros publicados, prêmios recebidos e pessoas alfabetizadas, a professora ainda não tem a exata noção do tamanho de seu legado. A timidez e susto ao ouvir o seu nome ser justamente anunciado como vencedor do Jabuti, é apenas uma demonstração disso.
Nós, da PdD, gostaríamos de deixar registrado o quanto admiramos o trabalho feito por ela, e o quão privilegiados nos sentimos pela oportunidade de conhece-la de perto. Magda Soares, você é um orgulho para todos nós mineiros.